Otelo


Otelo é um general mouro do exército veneziano, que casa-se em segredo com a jovem branca Desdêmona. Ao promover o soldado Cássio ao cargo de tenente, preterindo Iago, seu mais antigo soldado, o general faz despontar neste uma inveja devastadora, capaz de destruir firmes relações de amizade e amor. Os temas abordados - racismo, ciúme e traição - fizeram da tragédia uma inspiração para diversos filmes, óperas e adaptações literárias.








Otelo
(Otelo, II.iii)
ii.iii
Oh! Se a escrava tivesse dez mil vidas!
Uma só será pouco, muito pouco,
Para minha vingança. Agora vejo
Que tudo era verdade.

V.ii.
Faleis de mim tal como sou, realmente,
Sem exagero algum, mas sem malícia.
Então, a alguém tereis de referir-vos
Que amou bastante, embora sem prudência,
A alguém que não sabia ser ciumento,
Mas, excitado, cometeu excessos
E cuja mão, tal como o vil judeu,
Jogou fora a pérola mais rica
Do que toda sua tribo...

Iago
(Otelo, II.i)
Assim, o Mouro
Me amará, ficar-me-á reconhecido,
E um prêmio me dará por eu ter feito
Dele um asno completo, e o ter privado
Da paz e do sossego, até nas raias
Ir bater da loucura.

III.iii
Acautelai-vos,
Senhor, do ciúme, é um monstro de olhos verdes,
Que zomba do alimento de que vive.
Vive feliz o esposo que, enganado,
Mas ciente do que passa, não dedica
Nenhum afeto a quem lhe cause o ultraje.
Mque minutos infernais não conta
Quem adora e duvida, quem suspeitas
Contínuas alimenta e ama deveras!

Desdêmona
(Otelo, I.iii)
Eu amei o Mouro, para
Viver junto com ele, é o que proclama
No mundo todo minha ação violenta.
Submeteu-se-me o coração à essência
Mesma de meu marido.

IV.iii
Em sã consciência, Emília,
Dize-me se acreditas que haja esposas
Capazes de enganar os seus maridos,
Por modos tão grosseiros?

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